

Leandro Ismael de Almeida
Ele
Seu rosto
Afilado
De simetria perfeita
O andar rápido
De seu corpo delgado
O olhar entusiasmado
Castanho
Feliz
E eu a o contemplar
Ele olha para mim
E algo já me diz
Antes mesmo de usar
Seu lento falar
Quem é ele?
Por que não me espera?
Vai a andar
Desaparecendo na escuridão
De seus imprevisíveis passos
E me atrai
Sim, ele me atrai
E não importa o que eu faça
Não posso tocá-lo
Pois ainda que neste espelho
Eu tentasse mergulhar
Com meu hálito
Só o estaria a embaçar.
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo
e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que
mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem
tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que
mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem. Mentem
e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um
cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é
difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.